sexta-feira, 16 de abril de 2010

"Das lembranças que eu trago na vida..." RC

Texto [muito] antigo. Mas vale a pena postar.
É uma questão de... de... De solidão(?).

Vamos lá, então!

Ao fim da tarde foi pegar o ônibus para ir à aula. Tinha uma visão privilegiada da lua, redonda, dourada, ali à sua frente, mas não havia sequer notado, até que uma senhora passou e comentou: “Até esperar fica bom, olhando para essa lua”. Aí notou: como era bonita!
Depois da aula, pegou o ônibus para voltar para casa. Como sempre, conversou, riu e aquietou-se para esperar a viagem passar. Colocaram um CD no aparelho de som do ônibus. Era bom som, mas não agradava àquela hora. Pegou o walkman na bolsa, colocou os fones no ouvido, os dois, embora preferisse apenas um. Conversou mais um pouco, e deu PLAY! O cassete começou a girar e, aos poucos, o som chegou aos seus ouvidos. A voz era pra ser de Djavan. Quem sabe, cantando “meu bem querer é segredo é sagrado...” (essa era a música dele que menos gostava). Mas não era. Não mesmo. Aumentou o som do aparelhinho, todo enfeitado por adesivos do Smilingüido, e ouviu atenciosamente, ansiosamente a voz dele estridente, contente.
A voz dizia: “tem certeza que quer ouvir isso?”. Parou, voltou para ouvir direito. De primeira, sentiu dúvida de quem fosse, quase não reconheceu a voz. Mas era ele, era a voz dele, a que ela não ouvia há muito.
Mas não dizia só isso. Havia também uma frase muito conhecida dela: “This is a fouty-four Magnum”. Dessa parte ela gostou, lembrou, riu, sentiu saudades de falar com ele, àquela hora, ao telefone. Era a bendita frase dos filmes de Dirty Harry. É. Dele mesmo: o atirador de Magnum .44.
Ainda havia algumas coisas gravadas, ouviu. E continuou a ouvir, mas parou o som da gravação dele. Não era para ela, mas era ele. Insistentemente, inconscientemente, sempre presente. “... meu encanto tô sofrendo tanto”. Djavan começou a cantar, e cantou, acalmou, abraçou o coração partido, saudoso, dengoso.
O ônibus parou, saltou. Percorreu o trajeto até a sua casa, a ladeira, desceu. Pensava como aquilo era, ainda, sublime para ela, mas só para ela. Em casa, comeu pastéis com Fanta sem gás. Dormiu, acordou. Saiu e viu: a lua. Ainda estava ali, no céu. Redonda, dourada, quieta, calada. Mas dessa vez notou, olhou, admirou, sorriu. Como era bonita: a lua.

Suzany Cecília
02.07.2004.


E aí? Seria verdade? ^^

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Dia de música.

Hoje, na volta pra casa, apenas uma música tocou durante as quase 4 horas de viagem.

"O que eu não sou" é uma composição de Isadora Medella. Na ocasião, interpretada por Chicas, grupo vocal formado por quatro vozes femininas incríveis [se não as conhece - Amora Pera, Fernanda Gonzaga, Isadora Medella e Paula Leal - é bom ir atrás. Recomendo. Ah, e vou logo advertindo: vicia!], de quem sou admiradora [pra não dizer: por quem sou fanática] e ouço o cd todo santo dia. E nos dias pagãos também.

Bem, já que comecei... Conheci Chicas em um dos incríveis shows do Projeto Seis e Meia (TAM, capengando, toda terça-feira] que tive a satisfação de aplaudir. Apesar de não conhecê-las esperava uma apresentação tímida de música popular brasileira. Mas que nada, como diria Jair Rodrigues! Elas, as quatro, entraram no palco cantando Divino e Maravilhoso [sim, do Caetano] divinamente e maravilhosamente, surpreendendo as minhas expectativas já aos 10 segundos de música. Depois disso foi só arregalar bem os olhos e abrir mais ainda os ouvidos! Vozes lindas, vários timbres. O palco coberto por instrumentos musicais variados, que iam de violões a canos de pvc sanfonados (?). Todas cantam e tocam. Tocam tudo o que veem pela frente. Durante o show, era impossível [sim, impossível] olhar pra elas de uma vez só. E olhar pra uma de cada vez, era perder o que a outra estava tocando, interpretanto. Parece confuso? Mas era. Aliás é [lançaram um DVD ano passado: Em tempos de crise nasceu a canção]. É só assistir ao DVD: a sensação é a mesma. Mas não vou contar tudo não... Confiem, a melhor confusão musical da minha vida!

Agora, a música né? rs. Tchan-ram!!!!!!


O QUE EU NÃO SOU

Eu não sou poeta nem quero ser
A canção eu fiz pra sobreviver
Coração aperta, canto pra respirar
Toco minha viola pra poder sonhar

Eu não quero nada que faz doer
Quero amar o mundo, quero amar você
Quando você não está
Eu vou tocar tambor
Extraviar no pulso toda a minha dor

Um dia o amor acaba
Invade a dor deságua
Transborda minha alma
Vazia está agora

Eu não sou maluca nem quero ser
Mas a noite passa
E eu não vou dormir
As flores me agradam
Tentam me colorir
Toco uma toada pra poder te ouvir

Eu não sou ateu nem quero ser
Deus te abençoe rezo por você
Eu vou tocar a flauta pra me despedir
De longe minha alma vai velar por ti

[CLAP!CLAP!CLAP!]
[CLAP!CLAP!CLAP!]
[CLAP!CLAP!CLAP!]

terça-feira, 13 de abril de 2010

E na inauguração...

Estreia.sf. 1. O primeiro uso que se faz de uma coisa. 2. Fato que marca o início de uma série de acontecimentos de certa importância. 3. A primeira vez que o artista (ator, músico, bailarino, etc.) ou um conjunto se apresenta ao público. 4. A primeira obra de um escritor, de um artista ou de um cientista. 5. A abertura de um estabelecimento de recreio ou de utilidade; inauguração, fundação.

Era preciso estrear com o pulso forte e o coração tranquilo. Sendo assim...

Falar de falta de tempo pode parecer repetitivo, mas não quero ter outro argumento. Fui vencida pelo cansaço. Hoje viajo à Terra de São Saruê pra virar menina. Uma moleca de pé no chão, a correr entre os pés de água; pés molhados, melados por uma lama de água e rapadura. Docinha...
A seguir uns versinhos, novinhos que só eu.



Farei mudança de vida.
Sem preocupação
ser menina
na roda gigante
ver a terra lá de cima.

Quando o tempo fechar
Banho de chuva
embaixo da bica.

Quando o sol aparecer
Carreira na rua
Pipa no céu
Um lençol vai ser a capa
Um jornal o chapéu.


Olhar pra lua
Me encantar
Virar mulher
Sair, dançar.


Cecília.


Como diria Vander Lee, "...viver menino, morrer poeta."
É o que eu tenho pra hoje.